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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Cadê as florestas? Um panorama mundial, nacional e o trágico cenário atual


É muito preocupante o que vem acontecendo com as florestas, tanto no cenário mundial, quanto nacional. A cobertura florestal está desaparecendo em todos os continentes. De acordo com o Almanaque Socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA, 2008) antes do avanço tecnológico e da explosão demográfica, dos 64 milhões km2, restam apenas 15,5 milhões de km2. 75% das florestas primárias (mata original) já desapareceram. 



A Europa (sem a Rússia) possuía 7% das florestas do planeta e hoje tem apenas 0,1%. A África possuía quase 11% e agora tem 3,4%. A Ásia já teve quase um quarto de florestas mundiais (23,6%), e agora possuí 5,5%. Apenas a América do Sul, graças aos remanescentes no Brasil, agora possuí 41,4%. No entanto, ainda é preciso fortalecer a proteção das florestas.

Dados mais recentes da ONU apontam que 10 milhões de hectares de florestas são perdidas por ano. 

Focando no Brasil:  Status de cada bioma
O desmatamento é um dos maiores problemas ambientais do país. Esse problema vem de longa data.

Na Amazônia, nosso maior bioma, por exemplo, foi a partir dos anos 1970 que se abriu de vez a porteira para o desmatamento. Atualmente quase 20% da floresta já foram destruídas. como diz Donato Nobre, no Relatório de Avalição Cientifica “a floresta sobreviveu por mais de 50 milhões de anos a vulcanismos, glaciações, meteoros, deriva do continente. Mas em menos de 50 anos, encontra-se ameaçada pela ação de humanos.”

O Cerrado, segundo maior bioma do país, possuí um terço da biodiversidade mundial, considerado a caixa d’água do Brasil, já foi reduzido à metade, 50% da vegetação já “sumiu” do mapa.

A Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, enfrenta o mesmo drama do cerrado, o desmatamento já destruiu metade da vegetação original.

A Mata Atlântica, a floresta mais rica em biodiversidade, possui apenas 12,5% de sua cobertura original. O bioma mais ameaçado do país e um dos hotspot mundiais, ou seja, uma das áreas de maior variabilidade genética, inclusive de espécies endêmicas, com alto grau de ameaça, considerada, portanto prioritária para programas de conservação ecológica. 

Os Pampas – ou Campos Sulinos, bioma exclusivo do Rio Grande do sul, já perdeu de quase 44% da vegetação nativa.

No Pantanal o desmatamento já consumiu 18% do bioma.

Cada bioma possui suas peculiaridades, mas de um modo geral, nossas florestas estão sendo convertidas em pastos, soja, madeira e carvão. Sofrem pressão de grandes obras civis, como portos, estradas, hidrelétricas, e de empreendimentos de grande impacto ambiental, como mineração, siderurgia, metalurgia, tornando-se um verdadeiro canteiro de obras.

Cenário atual 2019/20: posturas presidenciais e ministeriais contrárias à preservação, queimadas, o desmonte das políticas ambientais contribuem ainda mais para a supressão de florestas. Em 2019 após diversos alertas de desmatamento, chegou-se até a questionar dados coletados de satélites. Foram emitidos mais de 56 mil alertas de desmatamento no país! O Diretor do INPE foi demitido, em 2020 o IBAMA (principal órgão de fiscalização ambiental) também teve seu Diretor demitido após ação de combate a mineração ilegal. Foi aplicado o inverso da lei, onde defensores foram penalizados e desmatadores anistiados. Embora haja muita polêmica acerca disso devido polarização política, fato é que resultou, em 2019, somando todos os biomas, na perda de 1,2 milhão de hectares (o equivalente a oito cidades de São Paulo), conforme dados do MapBiomas. O ritmo foi tão intenso que traduzindo é como se fossem desmatados 3,200 campos de futebol por dia. (Ver ilustração abaixo).

Dados do MapBioma. Relatório do Desmatamento.

Em 2020 o ritmo continua acelerado, já foram registrados vários recordes de desmatamento da Amazônia. Só até abril a marca já chegava a de 1.703 km², uma área maior que a cidade de São Paulo (1.521 km²).

Perda da biodiversidade, alteração do ciclo hidrológico, aumento das emissões de gases de efeito estufa, conflitos no campo, proliferação e surgimento de novas doenças são apenas alguns exemplos reais que acontecem por conta do desmatamento.

Saiba Mais Na Artigo: O Futuro Que Não Queremos.

Algumas ações possíveis e emergentes – destacadas pelo pesquisador Donato Nobre são: popularizar a ciência da floresta, zerar o desmatamento, acabar com o fogo, recuperar o passivo do desmatamento, além disso alerta que governantes e sociedade precisam despertar. Cadê as florestas?


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Referências e mais informações:
*ISA – INSTITUTO SOCIAMBIENTAL. Almanaque Socioambiental. ISA, 2008.
*MapBiomas. Relatório anual do desmatamento. http://alerta.mapbiomas.org/relatorios
*NOBRE, Antônio Donato. O Futuro Climático da Amazônia - Relatório de Avaliação Científica. 2014.
*WWF BRASIL. Relatório Planeta Vivo 2014. Disponível em: http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/relatorio_planeta_vivo/

Sites
*Ministério do Meio Ambiente - https://www.mma.gov.br/informma/item/6122-desmatamento-na-caatinga-ja-destruiu-metade-da-vegetacao-original
*SOS Mata Atlântica. https://www.sosma.org.br/
*WWF Brasil. https://www.wwf.org.br/

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